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COTIDIANO

Como controlar uma pessoa

Se ela não tiver opções, você está no controle

Cláudio, adulto e pai de família, conta que, quando leva uma fechada, não sossega enquanto não alcança o outro carro e desconta.

Vicente, de meia idade, não suporta ser chamado de ‘moleque’, de um certo jeito e sob determinadas condições, ele se enfurece a ponto de pensar em dar um tiro no outro, impulso este devidamente controlado racionalmente.

No filme De Volta para o Futuro, o protagonista Marty McFly, quando chamado de ‘covarde’, acaba cedendo à provocação, como quando é desafiado para um pega por um mau elemento.

O que essas pessoas têm em comum é que todas, sob certas condições, são controladas externamente, isto é, estímulos e fatores externos definem e regulam suas ações. Em outras palavras, elas não têm opções nesses contextos. A estrutura do seu comportamento, neste caso, é similar à do reflexo ou da compulsão, como aquele clássico procedimento médico de “cutuca-o-joelho-e-a-perna-chuta”.

Essas idéias contém a essência de controlar outra pessoa: descobrir estímulos ou combinações de estímulos que induzam ações automaticamente na pessoa. Vamos ver outras possibilidades.

Algumas pessoas, quando cumprimentadas, reagem como um espelho:

- se você sorri, ela sorri;

- se você abana a mão, ela abana a mão;

- se você levanta as sobrancelhas, ela faz o mesmo;

- se você não a cumprimenta, ela também não o faz;

Uma pessoa com esse padrão é controlada externamente no que se refere a cumprimentos.

Outra possibilidade é na comunicação: se você é enfático, ela também, e se você fala meigo, ela se derrete.

Você pode, por exemplo, descobrir que sua esposa ou marido tem uma compulsão por retribuir: tudo que a outra pessoa recebe gera um “crédito” que ela acaba devolvendo a você. Nesse caso, tudo que você tem a fazer para obter o que precisa é fazer coisas por ela: café na cama, banho, massagem no pé e no corpo, levar para dançar, ajudar no computador e outras opções interessantes, gostosas ou necessárias. Logo você estará recebendo coisas interessantes, gostosas ou necessárias, em particular se você sinalizar sutilmente o que acha interessante, gostoso ou o que precisa.

Já se sua intenção for “pentelhar”, amolar a outra pessoa - prazer de tantos irmãos - deve então descobrir ao que ela reage e terá praticamente garantido o sucesso. Pode ser uma fala, um tom de voz, uma interferência na concentração, repetições, combinações.

Cuidados

Alguns cuidados devem ser tomados para maior probabilidade de sucesso ao tentar controlar alguém. Um deles é não deixar que a outra pessoa descubra sua intenção. Essa informação, essa consciência, propiciará a ela opções e a reação não será mais reação, será uma resposta, ou seja, haverá uma escolha. Por exemplo, se acontecer com você de descobrir que a intenção do outro é provocar em você uma reação, você logo vai perceber que não reagir ou pelo menos não demonstrar uma reação não vai proporcionar feedback de sucesso para ele e inibir novas tentativas (possivelmente, já que isto depende da persistência da pessoa).

Outro cuidado é não exagerar na dose e não mudar subitamente seus padrões de comportamento, senão a outra pessoa vai desconfiar e buscar compreender o que está havendo, o que pode também lhe inspirar opções, novamente rompendo o automatismo.

Fique atento também ao fato de que as pessoas mudam e, quando você menos esperar, a pessoa pode já ter desenvolvido uma nova resposta ou fazê-lo de improviso. Se você estiver preparado para isso, claro, poderá ter ou improvisar também novas opções para buscar atingir seu objetivo.

Mudando o roteiro

McFly, no final da trilogia, acaba evoluindo e desenvolvendo a opção de ignorar as provocações. Em filmes isso é fácil: basta buscar a idéia e escrever no roteiro. Pensando bem, sabendo como atuar nos nossos roteiros, pode ser fácil também buscar e escrever neles novas opções, o que é vulgarmente chamado de preparação.

Virgílio Vasconcelos Vilela

Editor deste site

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