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ESPORTE

Porque não pensar para correr atrás daquela bola

Um infinitésimo de segundo pode fazer a diferença

Na maioria dos jogos com bola, em algum momento a bola vai estar a uma certa distância, e você vai ter que resolver: vou ou não vou? Aqui vai uma dica para esse infinitesimal momento.

Embora nem sempre fique evidente, um processo de tomada de decisão é complexo e envolve muito processamento mental. O que ocorre é que pensamos tão rapidamente que não temos consciência do que fizemos - e nem precisamos ter. Por exemplo, os melhores jogadores de vôlei decidem como vão dar uma cortada pouco antes de bater na bola, o que requer percepção, elaboração de alternativas e escolha, tudo em frações de segundo. Um jogador de basquete pode decidir arremessar ou dar um passe também quando já está lá em cima. Talvez ele só se conscientize do que fez se você perguntar, e aí ele diz: "Bem, eu ia arremessar, mas quando pulei vi que eu estava bem marcado e com o canto dos olhos percebi meu colega livre, e aí preferi dar o passe para ele". Compare isso com o quadro oposto: uma foto captou o exato instante em que Pelé cabeceava a bola para marcar um gol contra a Itália, na final da Copa de 70. Um beque saltou junto com ele. A foto mostrava, um pouco abaixo da cabeça de Pelé, a cabeça do beque... de olhos fechados. Sem percepção, sem opções, sem escolhas.

E o fato de haver um processamento mental para a tomada de decisão implica que um certo tempo é gasto. Embora o pensamento possa ser bem rápido, ele não é instantâneo. Em geral, quanto mais maduros estamos em algo, seja em conhecimento, seja em habilidades motoras e cogntiivas, menor é o nosso tempo de processamento.

Você não é diferente: tenha consciência ou não, quando você está praticando um esporte, toma várias dessas decisões e consome tempo para isso. Um delas será de vez em quando o cálculo: vai dar para chegar lá? Aqui chegamos ao ponto: esse tempo, mesmo que mínimo, pode ser exatamente o tempo extra que você precisa para chegar até a bola. Em outras palavras, parar para pensar se vai dar ou não faz com que não dê. Curioso, não?

Assim, a dica, que você talvez já tenha deduzido, é: não faça cálculos, simplesmente inicie o movimento de ir. Você vai perder algumas "viagens", sim, mas talvez ganhe aí uma ou duas em cada dez. Que seja uma, apenas uma, em cem: imagine se essa uma é aquela situação emocionante em que, se você chegar na bola, ganha a partida, ou talvez o campeonato.

Algumas vezes a bola vai estar tão longe que você vai ter certeza de que não vai chegar. A sugestão se mantém: vá. Decida o resto no meio do caminho - ou um milésimo de segundo depois.

Virgílio Vasconcelos Vilela

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