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MEMORIZAÇÃO

Memorizando significados de palavras

Acelere o aprendizado de novas palavras

Talvez você já tenha tido a experiência de deparar-se com uma palavra nova, olhar seu significado no dicionário, entender a frase e... não se lembrar mais do significado. Eu já. Então, comecei a buscar uma estratégia simples que pudesse resolver o problema, que é a que descrevo aqui. Descrevemos sua aplicação para objetos e ações, adjetivos e advérbios; a compreensão de outras estruturas lingüísticas é um pouco diferente. Caso se interesse pelo tema, você pode aprofundar-se consultando o livro indicado no final da matéria. 

A estratégia é semelhante ao que já fazemos para manter na lembrança o que conhecemos. Ao ler, por exemplo, a palavra "casa", o que vêm à sua mente? Modelos diferentes de casas, a sua, a de alguém, uma casa onde esteve recentemente? Lembranças de vivências na casa, agradáveis ou não? Emoções e sentimentos associados às vivências? Ruídos característicos? Preste atenção e perceba como é rica a sua representação mental para essa simples palavrinha (isso para não entrar em detalhes do interior, por exemplo). Agora procure em sua mente o que está associado à palavra "buriti". Será um pássaro? Uma fazenda? Uma cidade? Na minha mente não há certezas, só possibilidades para essa palavra; não me lembro de qualquer experiência concreta relacionada a ela, exceto algumas placas de estradas.

A chave portanto é, ao ver uma palavra nova, e enquanto a sua compreensão está ativa e clara, conectar deliberadamente à palavra em questão outras representações mentais: imagens, sons e comunicações, possivelmente associadas a sensações e emoções.  Exemplo: suponha que você tem contato pela primeira vez com a palavra "sapear" e tem uma única imagem de referência: uma pessoa observando um jogo de baralho, sem participar. Você pode enriquecer o significado da palavra imaginando, por exemplo, a si mesmo "sapeando" um jogo e alguém dizendo: "Vá sapear outro!". Pode também se imaginar jogando, alguém querido sapeando e você dizendo: "Continue sapeando, está me dando sorte!"

Outro exemplo: se você nunca lembra qual é a proa e qual é a popa de um barco, veja quantas possibilidades de enriquecimento:

- imaginar um barco tendo escrito "proa" na frente ;

- ligar com a expressão "motor de popa", se você sabe bem o que é isso.

- alguém impaciente com você grita "Pô, popa é atrás!"

- você, em um barco, olha para trás e vê um golfinho ou seu bicho do mar preferido e grita: "Golfinho na popa!"

- imaginar juntas "proa popa" e ligar com o fato de que proa é na frente porque na sua mente vem escrito antes.

- alguém brincando com a "popa" de outro (deixo a brincadeira para você bolar);

- alguém lhe pergunta a diferença e você explica.

Tente fazer algo parecido com "bombordo" (esquerda) e "estibordo" ou "boreste" (direita).

Para certos objetos você pode imaginar suas aplicações. A palavra "extrator", por exemplo, pode ser compreendida por imagens simples de você extraindo um grampo para separar algumas folhas ou porque ele não ficou bem preso. Enriqueça com usos alternativos do objeto: abrir garrafas, torcer um parafuso.

Para adjetivos e advérbios, lembre-se de experiências que tenham em comum a idéia que se deseja memorizar. Por exemplo, para a palavra "verde", pense em um livro de capa verde, um lápis verde e uma casa verde, por exemplo. Para "rápido" ou "rapidez", pense em carro, avião ou outra coisa rápida, possivelmente com você comentando: "Que rapidez!".

Essa estratégia pode ser muito útil para palavras em outros idiomas. Elabore mentalmente situações em que se comunica usando a palavra, faça perguntas e descrições, crie circunstâncias. Por exemplo, para "push", en inglês, você pode visualizar-se dizendo "Don't push me, please" para alguém que o está empurrando, e você "pushing the door and hitting the dog that was sleeping behind it". Quanto mais rico o respectivo "mapa mental", maior a estabilidade da lembrança, e você aprenderá sem precisar traduzir. Ajuda também a estabilizar a memorização combinar duas ou mais palavras em uma só imagem. Por exemplo, imagine um ganso assado em uma travessa e conecte com "roast goose on a platter".

Reforce ainda mais a estabilidade da representação fazendo ligações nos dois sentidos: você vê uma imagem e lembra da palavra e vê ou ouve a palavra e acessa as imagens. Conforme a palavra, pode ser que seu significado inclua sons ("noise"), sensações ("touch") e até emoções ("happiness"). No caso das emoções, você pode notar que, para compreendermos as respectivas palavras, tipicamente "captamos" a emoção de uma forma atenuada. Experimente observar como você entende as palavras "tristeza" e "entusiasmo"; às vezes até o corpo está envolvido, como em "admiração" (no meu caso, uma das mudanças fisiológicas é as pálpebras se abrirem).

E quando não vai funcionar? Há palavras que só mesmo com experiência sensorial. Você já viu definições de plantas dos dicionários? "Árvore da família das aceráceas". Só vendo para conhecer e pegando para fixar. Sem falar naquelas definições que usam palavras que não conhecemos. Podem ser mais elaborados também os conceitos abstratos: "paz", "amor". Sugiro a princípio buscar representações comportamentais variadas. Por exemplo, como se traduz "amor" em comportamentos?

No fundo, você estará usando o mesmo princípio pelo qual aprende: pela experiência, só que gerando experiências internas, de forma deliberada e controlada e possivelmente até divertida. Desnecessário é dizer que convém ter algum tipo de motivação para querer aplicar e praticar a estratégia, seja necessidade de aprender, desejo de melhorar simplesmente ou qualquer coisa que lhe atraia ou empurre!

Virgílio Vasconcelos Vilela

Saiba mais sobre esse tema no livro Aprendizagem Dinâmica vol II, de Robert B. Dilts e Todd Epstein (Summus).

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