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OBJETIVOS & DECISÃO

Um mundo de decisões

Bem-vindo à dinâmica da vida!

Há coisas com as quais estamos tão familiarizados que nem prestamos mais atenção nelas, exceto quando há algum problema ou dificuldade. Esse é o caso das decisões ou escolhas: você tem idéia de quantas decisões toma por dia? Certifique-se de que você está com a impressão ou informação correta.

Muitas decisões

Quando você acorda, em algum momento vai se levantar. Aí há uma decisão, porque você pode levantar-se imediatamente, optar por ficar mais um pouco, por o despertador em modo “soneca”. Uma vez que se levantou, pode ser que siga uma rotina, como ir para o banheiro, aliviar-se, lavar o rosto, escovar os dentes, etc. Aí vai se vestir: qual roupa usar? Se você é homem e sua esposa é como a de um conhecido meu, vai encontrar sua roupa pronta, bem passada, é só vestir, nem precisa escolher em qual seqüência. Mas se esse não é o seu caso, tem que escolher qual roupa usar, qual meia, qual sapato. E qual item será colocado primeiro? Outra escolha, caso você não faça tudo, todos os dias, na mesma seqüência, como um hábito.

Depois, talvez tenha que decidir se irá tomar ou não o café da manhã. Se resolver que sim, o que irá comer e beber? Quanto de cada?
Se você tem seu próprio carro, e se mora em uma cidade grande e tem opções de trajetos para o trabalho, pode ser que você vá à TV  ou ao rádio buscar informações sobre as condições de cada via. Para quê? Para subsidiar mais uma decisão.

No trabalho, nem é preciso enfatizar as decisões que se deve tomar. Se você tem alguma função de liderança, sabe do que estamos falando. Se você nunca foi líder, saiba que em geral o maior produto de um líder são justamente as decisões: como resolver um problema, quais serão os objetivos e estratégias, como lidar com um funcionário que não está produzindo como esperado, como acelerar o andamento de um projeto, como lidar com as pressões.

Mas talvez você seja uma dona-de-casa sem uma assistente. O que será feito para o almoço? Que serviços serão feitos hoje? Qual a melhor seqüência dos serviços? 

Já se você é estudante, mais decisões: qual matéria estudar? Quanto estudar de cada uma? Que estratégia usar? Como agir de forma a equilibrar o estudo com outros interesses, como amigos, namorada, internet?

E se você for professor, também tem lá suas decisões, que variam conforme o grau de liberdade de que dispõe, seu tempo livre e sua disposição. Qual será o conteúdo.das próximas aulas? Quais estratégias é melhor usar? Que questões incluir na prova, e como corrigi-las? Quais podem ser os melhores critérios para correção? Como disciplinar os alunos? Que resposta dar para aquele aluno provocador?

E se você é um vendedor, quantas opções, não? Se você vende vários produtos, deve decidir qual mostrar primeiro. Se tem vários clientes, deve definir uma ordem de visitas. Se trabalha em loja, por vezes o cliente lhe dá uma vaga referência do que quer e você quase tem que adivinhar o que ele está querendo.

Em alguns casos, temos respostas prontas para as situações que a vida nos apresenta, como um professor que repete uma prova ou um vendedor que tem algumas frases típicas. Mas, via de regra, a vida está sempre se apresentando com situações novas, para as quais temos que elaborar alternativas de ação e escolher. Mesmo uma simples sede que se sente, que já se sabe será saciada com água, ainda requer uma decisão de quanto será bebido, e na indisponibilidade do que escolhemos inicialmente, podemos buscar alternativas que remetem a outra escolha.

Decisões momento-a-momento

Para mostrarmos a importância de se dispor de boas estratégias de decisão, vale aprofundarmos um pouco mais sobre a freqüência com que tomamos decisões. Considere um motorista que está esperando o momento de entrar em uma rodovia a partir de uma estrada lateral. Há um fluxo de carros na direção em que ele quer ir, e se ele resolver entrar em um momento inadequado, pode colidir com outro veículo. Como ele não quer isso, vai escolher entrar em um instante em que ele julgue poder fazê-lo com segurança. Resumindo, ele tem que tomar uma decisão de quando entrar. E essa decisão não poderia ser tomada antes que ele chegasse ao cruzamento, ele deve levar em conta as condições do momento. Se ele deixar o motor morrer e perder a oportunidade, deve ligar o motor, atualizar suas percepções do fluxo de veículos e decidir novamente.

É claro que o motorista tem já definidas algumas coisas que ele vai fazer: acelerar em primeira marcha e passar marchas até atingir a velocidade de cruzeiro. Mas ele não pode ter certeza absoluta de que fará todas essas coisas como previu. Se, quando o motor morreu, ele acionou o freio de mão e se esqueceu disto, ao tentar acelerar ele logo vai perceber que há algo errado na aceleração e terá que mudar seu curso de ação: tirar o pé do acelerador e frear, soltar o freio de mão e só então retomar o curso de ação previsto.

Mesmo quando "ensaiamos", como o namorado que se prepara para  dizer "Eu te amo"!, não há garantias totais. O namorado não pode estar totalmente certo de que vai fazê-lo, porque ela pode não dar oportunidade para ele falar, pode ter um imprevisto e adiar o encontro... 

(Se você ainda tem alguma dúvida de que o inesperado faz parte da vida, sugiro você instalar alguns Windows e, depois que tiver bastante experiência e que achar que já passou por todos os tipos de situações, instale mais um....)

Caminhos

Como você certamente pôde perceber, de fato tomamos decisões para longo, médio e curto prazos e ainda para aquele futuro logo ali na frente, bem perto do agora. O ponto aqui é que a vida, o curso dos acontecimentos e das ações podem ser previstos apenas em parte, os detalhes de cada ação e por vezes até um curso completo de ação necessariamente devem ser definidos no momento presente. Isto torna o que queremos que aconteça no futuro um campo de possibilidades, mais ou menos prováveis, que podem mudar a qualquer momento. Além disso, há uma defasagem natural entre decisão e concretização que pode variar para cada intenção, pessoa e ambiente. Por mais pressa que alguém tenha em se casar, por exemplo, haverá uma defasagem entre o ato de decidir e a desejada realização. A defasagem entre resolver beber água e efetivamente bebê-la é uma, enquanto que a defasagem entre decidir e aprender outro idioma será bem maior.

Se assim é, talvez você concorde que o melhor a fazer é:

- nos prepararmos para a dinâmica da realidade, aperfeiçoando cada vez mais nosso dom de fazer escolhas pequenas, médias, grandes, de alto ou baixo impacto, para o ano que vem, para a semana que vem, para amanhã, hoje e daqui a pouco;

- nos aperfeiçoarmos em discernir o que é melhor ser decidido por antecipação e do que será decidido dinamicamente, o que deve permanecer estável no nosso nível do querer (aquelas coisas que decidimos que vão acontecer) e o que é melhor ser ajustado ou mudado.

- ajustar nossas expectativas à defasagem natural entre decisão e concretização.

O melhor de tudo pode ser a percepção de que a possibilidade de fazer escolhas representa o exercício de um dos nossos bens mais preciosos: a liberdade de decidir que rumos nossa vida vai seguir e, desta forma, boa parte do futuro que vamos estar vivendo. Que tal é estar ciente e consciente de que podemos exercer isso a cada momento? 

Se você está chegando agora, seja bem-vindo(a) à dinâmica da vida!

Virgílio Vasconcelos Vilela 

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