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PARÁBOLAS

Anjos em apuros

Ela queria se casar, mas como atrapalhava!

- ARIEL!!!

O grito pegou Ariel de surpresa, e ele quase caiu sentado. Olhou na direção do grito e viu um agitado Gabriel vindo na sua direção.

- Pois não, mestre Gabriel, respondeu, sem se alterar.

- Recebi pela centésima vez o mesmo pedido daquela garota que quer um marido! Já não era para você ter providenciado?

- Bem, senhor, tivemos alguns alguns problemas e...

- Como, problemas? Como podemos honrar o "peça e receberás" deste jeito?

- Bem, é que a moça mesmo está impedindo, senhor.

- Agora vai culpá-la, é?

- Como o senhor bem sabe, dependemos em parte dos humanos para um bom atendimento. Se quiser, posso contar-lhe o que já fizemos.

- Muito bem, conte-me. Gabriel já estava completamente calmo.

- Assim que recebemos o primeiro pedido, fizemos uma pesquisa e identificamos um par ideal para ela. No dia propício, em que ele estaria em um bar, sussurramos à moça uma sugestão para sair de casa e ir até o bar. Ela aceitou bem. Lá no bar, providenciamos um esbarrão, o rapaz tentou uma conversa, mas ela recusou-se a qualquer papo, argumentando consigo mesma que não era mulher de dar papo para estranhos. Nada pudemos fazer.

- Aí, esperaram um novo pedido.

- Sim. Ela o fez na sua igreja, uma semana depois. Mas o "escolhido" já tinha se envolvido com outra moça, muito boa, por sinal, e procuramos outro.  Achamos. Desta vez a estratégia foi provocar uma pequena batida dele no carro dela. Coisa insignificante. Só que ela desceu do carro muito irada, disse uns palavrões e pra falar a verdade, sequer olhou para o rosto dele. Observamos que ela internamente estava visualizando um rosto distorcido, e não o do homem que estava à sua frente.

- Mas vocês não previram esta reação?

- Sabíamos que era uma opção possível. Infelizmente, foi a que ela escolheu. Bem, o homem ficou queimado de vez com ela, que não é do tipo que perdoa facilmente.

- Poderia ser interferências cármicas? Como está o merecimento dela?

- Está suficiente, mas não o bastante para o atendimento automático.

- Bem, depois da igreja, foi aquele apelo desesperado, não?

- Sim, ela dizia que não agüentava mais. Nossa equipe fez de novo a pesquisa, e localizamos um candidato, que inicialmente não lhe pareceria tão bonito quanto queria mas, se conseguíssemos um contato mais prolongado, as chances seriam boas. Conseguimos que os dois trabalhassem no mesmo andar. O rapaz conheceu-a, interessou-se e convidou-a para sair. Você acredita que ela se fez de difícil? Ele então ficou desinteressado; ainda tentamos inspirar-lhe persistência, e ele tentou novamente, novamente foi esnobado e desistiu. Como não podíamos interferir novamente, aguardamos novo pedido.

- Qual foi o diagnóstico, até aqui?

- Temos obstáculos sérios com relação a algumas crenças dessa moça, muito estáveis e firmes. Por exemplo, ela acha que se se fizer de difícil, atrairá mais atenção. Como não tem observado o resultado dos seus comportamentos ao aplicar essa opção, não consegue atualizar essa regra. Outro ponto difícil é o foco excessivo em si mesma; ela ainda não percebeu que pode manter duas referências simultâneas. Um ponto significativo é uma crença da qual ela não tem consciência, de que não merece o melhor, veja só. De maneira geral, as suas crenças e regras, e não o resultado desejado, têm prevalecido, e nossa atuação em sua intuição não é percebida.

- Já tentaram abalar toda essa firmeza? Ela seria beneficiada como um todo, com um pouco mais de flexibilidade.

- Tentamos, mas ela teve uma reação inesperada: interpretou que estava desestruturada e com problemas, sentiu-se muito mal e tivemos que parar. Pareceu-nos que ela não suportaria a fase de transição. Você sabe que esse tipo de rigidez quase sempre só é quebrado com a ajuda de algum tipo de dor. Como o bom carma dela impede dores nesse nível, mesmo que transitórias, temos um círculo vicioso. A menos que ela própria perceba, não haverá meios de melhorar este aspecto.

- É, Ariel, temos um caso difícil. Precisamos prever melhor as reações dela, e evitar novos fracassos no futuro. Há novo pedido?

- - Sim, mas o último veio mais fraco, ela está com a fé abalada. Isto piora nossas chances. Antes tivesse a mesma rigidez nisso também.

- Temos que achar um jeito que funcione. Pense em algo.

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 - ARIEL!

- Sim, mestre.

- O que vocês fizeram? Ela está se casando! Sinto que não fizeram coisa boa.

- Bem, fizemos uma pequena concessão neste caso. Ela estava numa festa, e conversava com um candidato muito bom e dócil às nossas sugestões.  Mas as projeções de possibilidades que ela estava fazendo de si mesma com o moço indicavam que logo ia dispensá-lo. Interferimos em seus pensamentos colocando imagens de estar com ele e conversar alegremente, de dançar e outras coisas que sabíamos que seriam prazerosas para ambos. As emoções resultantes imediatamente aumentaram sua atração, e os dois acabaram se beijando. Dentro das crenças dela, o beijo no primeiro encontro significa compromisso,  e o relacionamento foi mantido. Acha que fizemos mal, mestre?

- A interferência provocou outros efeitos em sua liberdade de escolha?

- Não. Observamos isto. Outros contextos de suas representações internas continuaram com as mesmas opções de antes.

- Foi induzida alguma emoção limitante?

- Um pouco de culpa, logo sobrepujado pelo contentamento. Quando voltarem explicaremos tudo.

- Serão felizes para sempre?

- É, mestre, você tem vindo pouco à Terra!  

Virgílio Vasconcelos Vilela

 

DEPOIMENTOS

"Este texto me surprendeu ao extremo. Quero parabenizá-lo, que textooooo!!!! O mais incrível é que acontece exatamente daquela forma. Estou boquiaberta, pois está acontecendo comigo. Acredito que seu darma será muito ampliado porque isso vai me ajudar além da sua imaginação e, é claro, os anjos agradecem!!!! Obrigado por Você existir, obrigado por fazer o Possibilidades e escrever esse texto. Parece que não,  mas tudo tende ao equilíbrio. Um grande abraço e te adoro desde sempre."

Sílvia

Designer

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