Saiba as novidades do site.
Seu e-mail:
BOLETIM
Saiba as novidades do site. Seu e-mail: |
Sentir o som?Escutar não é mais como costumava ser Uma vez, participei de uma sessão demonstrativa de cantoterapia, e essa experiência proporcionou uma descoberta muito útil relacionada à forma como percebemos os sons. Os outros participantes e eu ficamos deitados em colchonetes, em círculo. A terapeuta tinha um aparelho de som e, após um relaxamento, reproduziu a música Esquadros (aquela do refrão Pela janela do quarto/Pela janela do carro/Pela tela, pela janela/Quem é ela, quem é ela?/Eu vejo tudo enquadrado/remoto controle - veja links abaixo), cantada por Belchior, solicitando que observássemos onde as vibrações da voz do cantor eram sentidas, predominantemente. No meu caso, notei ressonâncias na altura do peito. A terapeuta em seguida tocou a mesma música, desta vez cantada por Gal Costa. Curiosamente, desta vez as vibrações da voz foram sentidas por mim na região da cabeça. Em um terceira execução da mesma música, desta vez cantada por Adriana Calcanhoto, notei a ressonância também na cabeça. A terapeuta solicitou-nos então que nos lembrássemos da primeira experiência relacionada à nossa mãe. Não me lembro de muitas coisas de quando era pequeno, e achei que nem ia conseguir, mas me veio uma lembrança bastante curiosa: eu estava em um canto e minha mãe gritando algo comigo, e o que me incomodava não era propriamente o que ela estava dizendo, e sim as vibrações do som de sua voz em minha cabeça. Minha percepção, posteriormente reforçada por outras experiências, foi de que não apenas ouvimos os sons, também os sentimos. Escutamos a voz e a interpretamos, incluindo o tom, ao mesmo tempo em que reagimos às vibrações provocadas pelas características particulares do som das vozes. Ou pelo menos, podemos reagir. Não é somente a região do corpo onde sentimos as vibrações que define nossa reação; pelas minhas observações, isso depende também do nosso estado no momento e de alguma outra característica das vibrações, que não imagino quais sejam. A maior novidade aqui não é exatamente reagir à vibração; podemos notar isso facilmente quando próximos de uma caixa de som e um contrabaixo ou bateria faz nosso peito vibrar. O ponto aqui é que podemos reagir a vibrações inconscientes, isto é, que não estamos notando, e isso pode nos levar a conclusões inadequadas. A partir dessa consciência, comecei a notar e compreender vários incômodos que por desconhecimento estava ligando a pessoas, e não às vibrações de suas vozes. Por exemplo, o incômodo causado pela voz de uma criança falando alto e o fato de não gostar de certos cantores ou músicas. Se você às vezes se sente incomodado com alguém mastigando certas coisas crocantes, preste atenção nas vibrações em sua cabeça! As vantagens que percebo em fazer essa distinção são várias: - Distinguindo uma origem mais precisa para a reação que temos, evitamos desgostar da pessoa inteira, somente do tom de sua voz em certos momentos. Mais distinções, mais opções. - Conhecendo o problema, podemos eventualmente ter a escolha de ignorar as sensações e prestar mais atenção ao que a pessoa está dizendo ou ao que está acontecendo, evitando distrair-nos com percepções não relevantes para nossos propósitos. - Praticamos um pouco mais da habilidade de percepção corporal, um dos fatores relacionados à intensidade dos prazeres sensoriais. - Podemos apreciar ainda mais as vozes das quais gostamos: o fato é que adoramos a ressonância daquela voz maravilhosa em nosso corpo! Virgílio Vasconcelos Vilela Links para ouvir a música Esquadros (os encontrados): Adriana Calcanhoto (completa, compatível com Windows Media Player) Gal Costa (Parcial, formato .ra - requer RealOne Player ou similar) |
|