BOLETIM

Saiba as novidades do site.

Seu e-mail:

 

PERCEPÇÃO

Distinções - enriquecendo a vida

Mais distinções, mais opções

Talvez você tenha concluído em algum momento da sua vida que não tinha "liberdade". Para que isto fosse possível, certamente  você teve uma ou mais experiências que lhe permitiram descrever e resumir nesta frase o que achava da situação. É, pode ser que você esteja achando isto agora. Mas será que isto é totalmente verdade?

Considere o fenômeno "neve". Para quem não convive com a neve, tudo que é branco e cai do céu ou cobre o chão chama-se neve. Já os esquimós possuem dezenas de palavras para o que conhecemos como "neve". Eles distingüem neve que serve para fazer casas, neve mais lisa ou menos escorregadia, neve que pode cair, neve sobre  lago, neve sobre lago que se pode pisar, neve boa para fazer bolas e brincar...Talvez neste momento estejam inventando mais alguma. Cada tipo de neve que os esquimós distingüem lhes dá opções diferentes de ação ou de proteção: se a neve é escorregadia, deve-se caminhar com mais cuidado. Neve boa para iglus garante a estabilidade da construção, e por aí vai.

A regra é que, quanto mais distinções você é capaz de fazer, mais opções de comportamentos pode ter. Pense em emoções, por exemplo. Uma pessoa pode referir-se a um estado desagradável como "estar mal". Mas ela pode ser mais específica e identificar que está "ansiosa". Pode também reconhecer que está "ansiosa com a possibilidade de não conseguir terminar o relatório", distingüindo essa atividade de outros aspectos de sua vida. Essa pessoa, ao invés de distingüir meramente se está feliz ou não, pode estar feliz com o trabalho e com a família, e não estar plenamente feliz apenas com a falta de tempo para lazer (uma vez fiz um levantamento e achei cerca de 400 palavras que descrevem emoções e estados mentais: alegria, ânimo, serenidade, calma, etc.)

Mais exemplos: você já viu um chaveiro tentar abrir uma fechadura? Ele distingue coisas, a partir dos sons e do tato junto com sua experiência, que sequer imaginamos. Tem gente que olha para a íris de uma pessoa e faz deduções sobre sua saúde. Outros distingüem fatos a partir das linhas da mão... Mulheres que sofreram grandes traumas provocados por um homem podem reduzir as distinções que fazem, generalizando sua repulsão a todos os homens.

Portanto, mais distinções, mais opções de comportamento, e menos distinções, menos opções. Uma das mais úteis distinções diz respeito ao pensamento. Será que quando alguém diz essa palavra, podemos ter certeza de que entendemos tudo? Será um pensamento visual ou lingüístico? Será um pensamento reflexo ou um escolhido? Será um pensamento tóxico ou saudável? Será um pensamento resultante de um hábito ou gerado a partir de um objetivo que ela tem? Aliás, será um pensamento influenciado por uma emoção, se sobrepondo à razão? Será um pensamento decorado ou um criativo? Será um pensamento útil para os objetivos ou que desvia destes? O pensamento foi gerado na própria pessoa ou foi sussurrado por um capetinha mal-intencionado?

Dentre tantas possibilidades, é claro que é preciso algum filtro para escolher. Não somos esquimós, não precisamos distingüir neve 1 de neve 2. Para um dentista ou para se beijar pode ser conveniente distingüir que uma pessoa tem os dentes salientes, mas para efeitos de amizade, não. Creio então que a pergunta a fazer é: tal distinção é útil, ou seja, contribui para algum objetivo meu ou do outro, ou enriquece a minha qualidade de vida? 

Vamos voltar ao tema inicial para exercitar: que liberdades você já tem? Identifique na lista (leia cada item precedido por "liberdade de"):

(   ) Ir e vir

(   ) Escolha

(   ) Pensamento

(   ) Definir e alterar seus objetivos

(   ) Sentir prazer

(   ) Definir estratégias para atingir objetivos

(   ) Navegação na internet

(   ) Expressão

(   ) Dizer não

(   ) Fazer nada

(   ) Ser o que achar melhor

(   ) Descansar

(   ) Querer

(   ) Ter filhos

(   ) Escolher emoções

(   ) Discordar

(   ) Ressentir-se

(   ) Perdoar

(   ) 

(   ) 

Se você busca liberdade, agora você pode fazer suas distinções e concentrar-se em agir pela liberdade que falta. Por exemplo, se acha que não se dá liberdade para sentir prazer como gostaria, pode distingüir os vários tipos de prazeres que já existem para você (e os que podem ser inventados), e decidir quais você terá liberdade de sentir e quais serão "vetados". Se quer liberdade de expressão, sempre poderá idenficar situações em que será útil tê-la e quando não será.

Usando a minha liberdade de desejar, desejo que você aplique e desenvolva essas idéias no dia a dia, fazendo muito mais distinções úteis  e vivendo cada vez melhor!

Virgílio Vasconcelos Vilela

Veja também:

Avançado: Como você restringe sua própria liberdade - e como conquistá-la

Indique esta página para um amigo